Ao final de um reinado de quase 20 anos, a monarquia no Brasil perdeu poder político e deu lugar à República em 15 de novembro de 1889. O levante republicano foi liderado pelos militares, que aglutinaram em torno das Forças Armadas a insatisfação de diversos setores da sociedade com o regime comandado por Dom Pedro II.
Após a Guerra do Paraguai, o exército nacional ganhou proeminência perante a sociedade. “O discurso político era de que iriam colocar militares no poder para restaurar a ordem”, explica do professor de direito da Universidade de Brasília (UnB), Mateus Gamba, noção positivista que animava os militares.
Dom Pedro II também era criticado por abolicionistas por ter colocado pessoas escravizadas na frente de batalha no Paraguai, assim como por manter a escravidão no País.
Além disso, a política centralizadora do monarca desagradava à elite social, política e econômica da época, formada sobretudo por proprietários de grandes latifúndios produtores de café. Isso porque eles defendiam o modelo de Federação, com a maior independência dos estados. Assim, a arrecadação de impostos seria partilhada entre as unidades da federação e ampliaria o poder de ação dos governos locais.
A cartada final que ampliou a oposição à Dom Pedro II veio com a abolição da escravidão em 1888. A princesa Isabel, que assumiu a regência do Império durante uma viagem do pai, pôs fim à escravatura no País. Além de desagradar ainda mais os cafeicultores, que perderam o poder direto de controlar a mão-de-obra de cerca de 700 mil pessoas, o ato deu novo impulso aos republicanos.
Mais do que conta a historiografia oficial, alguns fatos curiosos marcaram esse processo.
1. A República foi proclamada por um monarquista. O marechal Deodoro da Fonseca era amigo pessoal do príncipe e só se convenceu pela mudança da ordem vigente quatro dias antes da queda do Império. Ao depor o regime, assumiu o governo provisório para em seguida ser eleito o primeiro presidente do Brasil.
2. O marido da princesa Isabel, filha primogênita de Dom Pedro II, conde d’Eu, era outra ameaça que alimentava o ímpeto republicano. Se o trono ficasse vago, pela linha sucessória, o francês governaria o Brasil.
3. Assim que a família real deixou o País, o governo provisório leiloou os objetos da Quinta da Boa Vista, palácio imperial onde viviam os monarcas em Petrópolis (RJ). A ideia era apagar a memória da monarquia no País.
4. Naquele período, os documentos da República eram “ditados” pelo jurista Ruy Barbosa e os estudantes universitários que dividiam casas. O dito era motivado pela falta de traquejo dos militares de lidar com a administração do estado.
5. O hino da proclamação da República virou marchinha da escola de samba Imperatriz Leopoldinense em 1989, data que marcou os cem anos do fato histórico. Até hoje os versos de “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós” é lembrado pelos brasileiros.