Desagravo Empresarial
A única testemunha a ter o nome divulgado pela Operação Atrio da PCDF recebe apoio do empresariado.
Por unanimidade, a Associação Comercial do Distrito Federal aprovou na noite de quarta (13) uma moção de desagravo em favor do empresário Paulo Octavio, vice-presidente da entidade. …
Convocado para depor como testemunha na Operação Átrio, da Polícia Civil, cujas investigações seriam sigilosas, o empresário segundo sua assessoria de imprensa foi o único a ter a identidade divulgada e a casa filmada por equipes de reportagem, e que o erro foi admitido até mesmo pelo diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Luiz Xavier.
A moção foi aprovada em uma reunião plenária convocada pelo presidente da entidade, Cléber Pires, e contou com a presença maciça dos representantes das associações comerciais das cidades do DF. O grupo também reclamou da lentidão para a concessão de alvarás de construção e de funcionamento de estabelecimentos comerciais, o que tem prejudicados sistematicamente vários ramos da atividade.
Segundo o deputado Siqueira Campos, que também é empresário, há absurdos legais, como a exigência do Relatório de Impacto de Trânsito (RIT), documento que deveria ser expedido pelo GDF quando da venda dos lotes. Segundo ele, há uma criação de obstáculos generalizada e o empresariado está de braços cruzados, vendo o país “virar uma Cuba”. Siqueira também denunciou esquemas. “Nós, individualmente, temos de acatar a extorsão”, criticou.
O presidente da Federação das Associações Comerciais e Industriais do DF, Francisco de Assis Oliveira, o Chicão, foi outro a criticar o que chamou de desordem da cidade. “Vamos bovinamente aceitando tudo?”, questionou, depois de manifestar seu apoio a Paulo Octavio. A falta de corpo técnico qualificado, lembrada por Lúcia Ottoni, diretora da ACDF. “Na Administração de Brasília, faltam funcionários com conhecimento técnico para estas questões dos alvarás”, destacou.
Os empresários também criticaram as medidas restritivas em relação às atividades legalmente licenciadas, casos, por exemplo, de bares e restaurantes. “A fiscalização é sempre em cima do empresário construído de forma legal”, lembrou o presidente da Associação Comercial de São Sebastião, José Sobrinho Barros. Sua queixa foi endossada pelo presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (Sindhobar), Clayton Machado Saraiva, que defendeu que os empresários levem as questões para as ruas do DF.
Ao final do encontro, o decano da ACDF, Lindberg Cury, fez uma emocionada defesa de Paulo Octavio e disse que, no exterior, ele receberia ajuda do poder público para instalar empreendimentos como os cinco shoppings que construiu no DF. “A teoria, no Brasil, é contrária à de países como a Noruega. Aqui, o empresário investe e fica exposto”, afirmou. Em seguida, ele propôs a moção de desagravo em favor de Paulo Octavio, aprovada por unanimidade pelo auditório.
Após todos os discursos dos representantes das entidades comerciais do DF, Paulo Octavio, emocionado, agradeceu o apoio recebido e disse que, em seus 40 anos de atuação empresarial, jamais sofreu tamanho constrangimento. Ele disse, inclusive, que vai pedir à Ordem dos Advogados no DF (OAB-DF) um posicionamento sobre o caso, devido ao constrangimento que passou, pelo fato de ter sido a única testemunha publicamente divulgada.
Para ele, o Brasil precisa de um choque de capitalismo. “A burocracia excessiva leva aos desvios. O alvará é um estímulo à criação de empregos e à geração de impostos e não pode ficar submetido a todo tipo de entraves”, destacou. PO contou que tem nada menos que 35 empreendimentos em processo de aprovação e que, nos últimos três anos, só conseguiu licença para dois.
Sobre o JK Shopping, ele revelou que tem todas as licenças legais exigidas, inclusive o Relatório de Impacto de Trânsito (RIT) e que o JK shopping é o mais moderno do DF. “Contratamos o melhor escritório de arquitetura, o de Eduardo Mondolfo, usamos os processos construtivos mais modernos e estamos levando progresso para a região, inclusive fazendo os estacionamentos externos e o paisagismo das áreas públicas, numa cooperação voluntária com o poder público”, desatacou.